Tuesday, May 11, 2010



“Hoje já ninguém vai ao nosso deserto, Cláudia. (…) A razão principal é que já não há muita gente que tenha tempo a perder com o deserto. Não sabem para que serve e, quando me perguntaram o que há lá e eu respondo “nada”, eles riscam mentalmente essa viagem dos seus projectos. Viajam antes em massa para onde toda a gente vai e todos se encontram. (…) Todos têm terror do silêncio e da solidão e vivem a bombardear-se de telefonemas, mensagens escritas, mails e contactos no Facebook e nas redes sociais da Net, onde se oferecem como amigos a quem nunca viram na vida. Em vez do silêncio falam sem cessar; em vez de se encontrarem, contactam-se, para não perder tempo; em vez de se descobrirem, expõem-se logo por inteiro: fotografias deles e dos filhos, das férias na neve e das festas de amigos em casa, a biografia das suas vidas, com amores antigos e actuais. E todos são bonitos, jovens, divertidos, “leves”, disponíveis, sensíveis e interessantes. E por isso é que vivem esta estranha vida: porque, muito embora julguem poder ter o mundo aos pés, não aguentam nem um dia de solidão. Eis porque já não há ninguém para atravessar o deserto. Ninguém capaz de enfrentar toda aquela solidão.”
( in No Teu Deserto, MST)

Significado de Dakar, Senegal:
Experiencia gratificante e rica em bons relacionamentos humanos e em boas emoções, que não esquecerei. Vou continuar a guardá-la com o desejo de que ela perdure para que mesmo quando acabe, permaneça para sempre dentro de mim, e com ela todos vocês.

Aqui foi muito fácil dar-me às pessoas e deixar que elas se dessem a mim...
Aqui dei-me sem medos e com vontade…
Isto pode querer dizer que me reaproximo cada vez mais do meu estado mais puro de felicidade. Assim espero!

Dakar foi uma lufada de ar fresco, foi o querer aproveitar ao máximo o bom que o Hoje me está a dar, depois de um ano escondida do mundo e de mim.
Momentos que me marcaram, foram muitos e quase todos muito bons porque por onde passo guardo apenas o que é bom de guardar, tal como a Mafalda Veiga na sua música...

Para esta riqueza de emoções contribuíram todos vocês e são todos vocês o que de mais gratificante levo comigo...
Sem muitos de vós, a minha passagem por aqui deixaria de fazer tanto sentido…
Aqui e com a vossa ajuda voltei a sentir-me aos bocadinhos, no meu céu…

Há uma frase que tenho de partilhar convosco. Algo que leio sempre que preciso de conforto e que vos deixo para quando precisarem e não tiverem alguém por perto que vo-lo dê.
É da Sophia de Mello Breyner:

"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

E agora que estamos envolvidos por uma tal solidão, mas que nos conforta pela partilha e pela amizade convido-vos também a partilhar os vossos pensamentos!




Deserto de Lampoul
20 de Março de 2010

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